O enxoval
Na Idade Média, o casamento tornou-se um rito social muito importante, um instrumento fundamental para a reconstrução social e política. A igreja insistia cada vez mais na monogamia (um homem ou mulher estar casado só com um indivíduo) e reforçava muito o papel da noiva no casamento.
O enxoval, o conjunto de roupas e acessórios que uma noiva usava no seu casamento, trazido e exposto nesta cerimónia, era um sinal de honra que a mesma trazia da sua “casa-natal”. Apenas o funeral podia rivalizar com o luxo que era usado no casamento. Os casamentos revelavam sempre uma “competição” entre o lado da noiva e do noivo, sendo ela a “recompensa” final deste ‘torneio’ de valores.
Em algumas cidades alemãs, as prendas oferecidas ao noivo eram suficientemente valiosas para “ofuscar” a noiva. A Sul dos Alpes, tudo se focalizava nela e não no futuro dono da casa. No enxoval, contavam-se muitas túnicas de cintilante esplendor. Hipólita Sforza usou uma túnica com 8966 pérolas e 70 onças de ouro no seu casamento com Afonso de Aragão em 1465.
Dado que a importância do casamento fazia com que aumentasse o significado social dos enxovais, estes cresceram de tamanho e complexidade.
Os tecidos que eram usados no enxoval eram muito frágeis, tanto que se podiam desfazer em pó, pois tinham muitas aberturas. Dificilmente podia ser descosido e refeito para gerações futuras. Para além disso, os enxovais eram feitos de acordo com a moda da altura, e esta era muito variável, o que levava ao desperdício.
Fonte: História das Mulheres – Idade Média
De Georges Duby e Michelle Perrot
Edições Afrontamento
Por: Carolina Valente
Mariana Dias
Ana Bettencourt